sexta-feira, 9 de abril de 2010

ECONOMIA - Bric avalia nova moeda para o comércio entre os países

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Grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China se reunirá na próxima semana, em Brasília
  Criticado por reconhecer a China como "economia de mercado", Brasil tenta parceria com os chineses em áreas que vão de saúde à energia







ELIANE CANTANHÊDE - COLUNISTA DA FOLHA

  Os governos do Brasil, da Rússia, da Índia e da China, reunidos sob a sigla Bric, vão aproveitar a reunião do grupo, na próxima sexta-feira, em Brasília, para fazer avançar o debate sobre a criação de uma nova moeda que tenha validade internamente entre os quatro e possa ser usada internacionalmente como opção ao dólar.
  A informação foi dada ontem pelo embaixador Roberto Jaguaribe, subsecretário-geral de Política do Itamaraty, mas cercada de ressalvas e cautelas, para, segundo ele, "não criar marolas nem ondas desnecessárias" no ambiente internacional. Ou seja: não criar tensões com os Estados Unidos.
  "Haverá discussões em nível técnico, sem expectativas de fazer [a moeda comum] de uma forma abrupta que balance os mercados", disse Jaguaribe, lembrando que a China levantou a ideia há um ano e meio, até porque tem condição muito diversa da brasileira, com reservas de mais de US$ 2,5 trilhões em diferentes moedas.
  A discussão sobre uma moeda comum tem sido embalada pelo novo equilíbrio mundial a partir da crise exportada pelos EUA e do peso dos emergentes no crescimento global.
  Citando dados do FMI, o embaixador disse que os emergentes foram responsáveis por 46,3% do crescimento mundial entre 2000 e 2008, e o percentual deve ultrapassar os 50% quando consolidados os dados até 2009. A projeção de 2008 a 2014 é que chegue a 61,3%.
  No caso brasileiro, o reflexo recai diretamente sobre as relações comerciais: as trocas do Brasil com os demais emergentes passaram de 32% para 58%.
  Como parte dos debates, técnicos brasileiros irão explicar aos demais como funciona, ainda que precariamente, o uso de moedas locais nas relações entre o Brasil e a Argentina.
  Haverá ainda duas reuniões paralelas do sistema financeiro: os bancos de desenvolvimento terão debates na sede do BNDES, no Rio, na quarta, e estão previstas também trocas de experiências de bancos comerciais dos países emergentes, provavelmente em São Paulo.
  O embaixador disse também que os países do Bric vão insistir em avanços na chamada nova governança global, com a reforma de organismos como o próprio FMI e o Banco Mundial, para buscar maior equilíbrio entre as nações.
  Os presidentes dos quatro países terão reunião no Itamaraty na sexta-feira, um dia depois do encontro de um outro grupo emergente, o Ibas (Índia, Brasil e África do Sul).
  Segundo Jaguaribe, a questão do Irã também será tratada, "para que cada país conheça melhor a posição do outro".
  O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também terá visitas oficiais, de governo a governo, do presidente da China, Hu Jintao, e do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, além de encontros em separado com os presidentes da Rússia, Dimitri Medvedev, e da África do Sul, Jacob Zuma.
  O Brasil, criticado por reconhecer a China como "economia de mercado", prepara o que vem sendo apelidado de "PAC 3" com o país -um Programa de Ação Conjunta em áreas que vão de saúde à energia.
Fonte: Folha de S.Paulo

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